A
arte do ensinar se traduz na atitude pratica do desafio, das contradições e da
descoberta de uma metodologia de aproximação ao mundo imaginário dos
estudantes.
Estes
são os caminhos imaginados pelo autor do livro A Alegria de Ensinar, o professor Rubem Alves, ao tratar dos
desafios enfrentados pelos professores na atualidade.
Neste
trabalho, venho desenvolver a proposta de analise deste livro citado com o
objetivo de fazer uma comparação construtiva do papel do professor de historia
como agente da transformação do ensino, segundo os parâmetros aplicados pelo
MEC, visando a reforma educacional que se adapte as novas necessidades
insurgentes desta geração.
Ao
analisar o livro de Rubem Alves, entramos em contato com uma perspectiva
poética do mundo educacional. Como educador e pedagogo, sua preocupação nos
remete a questionamentos das atitudes metodológicas dos professores diante de
uma diversa gama de alunos inseridos em pressões do sistema educacional, os
quais sentem-se mais que acuados, mostram-se incapazes de perceber alegria de
conhecer e desvendar o sentido da educação.
Neste
livro, Rubem nos fala da felicidade da infância, que é corrompida por uma série
de obrigações impostas às crianças, as quais são tratadas como pequenos
adultos, por pais e professores, com interesse em transformá-los em cidadãos
prontos ao trabalho para a nação; são obrigações que estão longe da compreensão
de nossos alunos, sendo esta a grande causa para seu distanciamento de uma
motivação ao conhecimento.
O
autor nos leva a refletir sobre a tradição do ensino, que se tornou sedimentada
em modelos estabelecidos para a transferência das verdades científicas aos
alunos, entretanto, neste ponto, ele critica esta situação por deter a
liberdade criativa do pensar do aluno.
Por
isso, Rubem nos fala do “ser onírico” em que reside o pensamento das crianças,
que querem sonhar e se aventurar no conhecimento. Lembra-nos do sistema no qual
estamos envolvidos, que valoriza apenas a produção e o controle de qualidade,
deixando de lado fascínio do cientista à procura de hipóteses e experimentações
tão valiosas à criação cientifica.
A
Educação, aos olhos deste autor, é parte de um processo mágico de descobertas e
assim, deve ser tratada nas escolas, a fim de que os mestres se integrem ao
mundo imaginário dos alunos e percebam que só estarão motivados ao estudo se
puderem sentir-se parte dele, para brincar com ele, criar e aventurar-se nele.
Aos
professores, Rubem pede que deixem de lado sua metodologia academicista e se
disponham a uma aproximação ao encantamento do mundo imaginário dos estudantes,
mesmo porque as verdades do conhecimento não são objetos transferíveis; o
conhecimento, antes deve ser sentido e construído pelos alunos, fazendo-os
correr riscos necessários à sua formação pessoal, e conseqüentemente fazer com
que vençam estes desafios por vontade própria, e não por obrigação.
Pensando
na formação do Brasil como nação, havia nas escolas o incentivo ao crescimento
do país com a utilização de suas riquezas naturais, entretanto, este país que
visava o desenvolvimento econômico, não estimulou o desenvolver das idéias,
deixando seus estudantes pobres delas e incapazes de crescer com autonomia
criativa, o que teve como resultado uma população dependente de subsídios do
Estado e professores com conhecimentos cristalizados. Por isso, o autor nos
chama a atenção para a necessidade de “construir um novo saber”, que
possibilite a aproximação dos professores da realidade de seus alunos e de uma
forma lúdica de trabalhar o conhecimento na educação com a intenção de
descobrir a verdadeira alegria do pensar.
Por
fim, o autor faz uma reflexão critica do problema da educação, afirmando que
este não está na falta de verbas e recursos de ensino, mas no amor que os
educadores devem trazer à suas aulas, no intuito de expandir os sonhos
estudantis.
Pensando
na formação pedagógica dos educadores, temos contato com uma serie de
parâmetros legais, formais e teorias educacionais que, no entanto, nos deixam
um pouco fora do contexto da real vivencia educacional, que se insere em
problemáticas de ordem motivacional do ensino.
Hoje
estamos diante de uma fase de transformações dentro do sistema educacional, que
aos poucos, vem sendo introduzidas pelo MEC nas grades escolares. Dentre tais
propostas, leva-se em conta como primordial ao ensino de Historia, o
encaminhamento dos estudantes ao exercício da cidadania.
Este
denota um trabalho pautado na perspectiva de aproximar o aluno do contexto
histórico de transformação social, fazendo com que sejam sujeitos de sua
própria historia e da nação. Entretanto, dentro destes parâmetros de ter o estudante
como participante da ação histórica, os professores se vêem diante do desafio
de moldar a educação para dar condições aos alunos de se formarem dentro de
princípios da responsabilidade social, da autonomia para o trabalho, da
cooperação entre os parceiros, de terem habilidades para fazer uma analise
critica dos problemas sociais e procurar soluções para tais situações.
Ainda
assim, mesmo diante desta proposta do Estado para as reformas educacionais, os
professores se vêem distantes de uma consolidação efetiva deste projeto
construtivista da educação, uma vez que a realidade educacional, envolvida numa
vivencia determinada pelo consumismo, competição e individualismo dos alunos
inseridos num sistema capitalista e desigual, se encontra distante de tal projeto
de educação inclusiva, solidaria, participativa e multicultural.
Aos
alunos, a perspectiva do conhecer e descobrir como forma de crescimento de sua
identidade pessoal como cidadão, permanece longe de suas reais expectativas,
uma vez que sua motivação maior está no TER e não no SER.
Numa
visão geral do conjunto escolar, a maioria dos alunos mostra-se pouco dispostos
a uma colaboração efetiva para a construção de seu conhecimento,
demonstrando-se obrigados e enfadados de prosseguirem tal percurso educativo.
Por
isso, mais uma vez reitero a afirmação de que ao professor cabe um papel
desafiador, como diria o autor Rubem Alves, de buscar um resgate ao
encantamento do ensino, ao ludicismo, ao mundo imaginário das crianças em
formação.
Este
autor, então, nos remete ao pensar dos filósofos, destacando o pensamento de
Hesse, Nietzsche, Da Vinci, entre outros que tratam da complexidade das
relações humanas, muitas vezes pautadas na dominação do pensamento dos homens
não autônomos. Por outro lado, tais filósofos se propõem à desconstrução dos
artifícios de interesses sociais, em nome da liberdade racional, da brincadeira
imaginativa, das consciências que motivadas, serão capazes de criar asas e
desenvolver o conhecimento e a atitude critica para a construção de uma vida
plena de valores e virtudes.
Tendo feito a leitura analítica do livro A Alegria de Ensinar, e fazendo um paralelo com as novas perspectivas educacionais direcionadas pelo MEC, chegamos à conclusão de que os desafios do professor-historiador permanecem presentes no contexto escolar, uma vez que o professor teve de ampliar suas metodologias, a fim de participar de uma escola inclusiva, democrática, com publico diversificado e competitivo.
As relações humanas da era tecnológica necessitam de um
professor empirista, imaginativo, pesquisador e motivador do conhecimento e de
uma interação respeitosa entre os estudantes; sem isso, o papel do professor
estará fadado ao cientificismo cristalizado, que não colabora para a formação
humana das habilidades e competências dos educandos.
Temos, portanto, de trabalhar com o encantamento da
educação, para assim, vivermos a cada dia uma renovação da aventura do
conhecimento.
ALVES, Rubem. A
Alegria de Ensinar. 3ª Edição. Ars Poética Editora Ltda., 1994.
SANTOS, Adriana Regina de Jesus; VAGULA, Edilaine;
RAMPAZZO, Sandra Regina dos Reis. Didática:
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KFOURI, Samira Fayez. Políticas
Educacionais: estrutura e sistemas - Curso
de Graduação em Historia – Licenciatura 5. São Paulo: Pearson Education do
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MOIMAZ, Érica Ramos. Metodologias
do Ensino de História: Curso de
Graduação em Historia – Licenciatura 5. São Paulo: Pearson Education do
Brasil, 2009.
SILVA, Rafael Bianchi. Psicologia da Educação: Curso de Graduação em Historia –
Licenciatura 5. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
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