Fazendo História

Primeira Estação:

Convido a todos fazer parte deste passeio pela Vida, já que para fazer história é preciso ter passado pela vida e deixado sua marca. Assim, desde filósofos, políticos e mártires até escravos, indígenas e o tocador de tuba no coreto fazem parte desta viagem que quer retratar a cultura costurada durante o tempo dos Homens.
Aproveitem da viagem!

terça-feira, 19 de junho de 2012

CAMPOS DO IMAGINARIO EDUCACIONAL



A arte do ensinar se traduz na atitude pratica do desafio, das contradições e da descoberta de uma metodologia de aproximação ao mundo imaginário dos estudantes.
Estes são os caminhos imaginados pelo autor do livro A Alegria de Ensinar, o professor Rubem Alves, ao tratar dos desafios enfrentados pelos professores na atualidade.
Neste trabalho, venho desenvolver a proposta de analise deste livro citado com o objetivo de fazer uma comparação construtiva do papel do professor de historia como agente da transformação do ensino, segundo os parâmetros aplicados pelo MEC, visando a reforma educacional que se adapte as novas necessidades insurgentes desta geração.
  
Ao analisar o livro de Rubem Alves, entramos em contato com uma perspectiva poética do mundo educacional. Como educador e pedagogo, sua preocupação nos remete a questionamentos das atitudes metodológicas dos professores diante de uma diversa gama de alunos inseridos em pressões do sistema educacional, os quais sentem-se mais que acuados, mostram-se incapazes de perceber alegria de conhecer e desvendar o sentido da educação.
Neste livro, Rubem nos fala da felicidade da infância, que é corrompida por uma série de obrigações impostas às crianças, as quais são tratadas como pequenos adultos, por pais e professores, com interesse em transformá-los em cidadãos prontos ao trabalho para a nação; são obrigações que estão longe da compreensão de nossos alunos, sendo esta a grande causa para seu distanciamento de uma motivação ao conhecimento.
O autor nos leva a refletir sobre a tradição do ensino, que se tornou sedimentada em modelos estabelecidos para a transferência das verdades científicas aos alunos, entretanto, neste ponto, ele critica esta situação por deter a liberdade criativa do pensar do aluno.
Por isso, Rubem nos fala do “ser onírico” em que reside o pensamento das crianças, que querem sonhar e se aventurar no conhecimento. Lembra-nos do sistema no qual estamos envolvidos, que valoriza apenas a produção e o controle de qualidade, deixando de lado fascínio do cientista à procura de hipóteses e experimentações tão valiosas à criação cientifica.
A Educação, aos olhos deste autor, é parte de um processo mágico de descobertas e assim, deve ser tratada nas escolas, a fim de que os mestres se integrem ao mundo imaginário dos alunos e percebam que só estarão motivados ao estudo se puderem sentir-se parte dele, para brincar com ele, criar e aventurar-se nele.
Aos professores, Rubem pede que deixem de lado sua metodologia academicista e se disponham a uma aproximação ao encantamento do mundo imaginário dos estudantes, mesmo porque as verdades do conhecimento não são objetos transferíveis; o conhecimento, antes deve ser sentido e construído pelos alunos, fazendo-os correr riscos necessários à sua formação pessoal, e conseqüentemente fazer com que vençam estes desafios por vontade própria, e não por obrigação.
Pensando na formação do Brasil como nação, havia nas escolas o incentivo ao crescimento do país com a utilização de suas riquezas naturais, entretanto, este país que visava o desenvolvimento econômico, não estimulou o desenvolver das idéias, deixando seus estudantes pobres delas e incapazes de crescer com autonomia criativa, o que teve como resultado uma população dependente de subsídios do Estado e professores com conhecimentos cristalizados. Por isso, o autor nos chama a atenção para a necessidade de “construir um novo saber”, que possibilite a aproximação dos professores da realidade de seus alunos e de uma forma lúdica de trabalhar o conhecimento na educação com a intenção de descobrir a verdadeira alegria do pensar.
Por fim, o autor faz uma reflexão critica do problema da educação, afirmando que este não está na falta de verbas e recursos de ensino, mas no amor que os educadores devem trazer à suas aulas, no intuito de expandir os sonhos estudantis.
Pensando na formação pedagógica dos educadores, temos contato com uma serie de parâmetros legais, formais e teorias educacionais que, no entanto, nos deixam um pouco fora do contexto da real vivencia educacional, que se insere em problemáticas de ordem motivacional do ensino.
Hoje estamos diante de uma fase de transformações dentro do sistema educacional, que aos poucos, vem sendo introduzidas pelo MEC nas grades escolares. Dentre tais propostas, leva-se em conta como primordial ao ensino de Historia, o encaminhamento dos estudantes ao exercício da cidadania.
Este denota um trabalho pautado na perspectiva de aproximar o aluno do contexto histórico de transformação social, fazendo com que sejam sujeitos de sua própria historia e da nação. Entretanto, dentro destes parâmetros de ter o estudante como participante da ação histórica, os professores se vêem diante do desafio de moldar a educação para dar condições aos alunos de se formarem dentro de princípios da responsabilidade social, da autonomia para o trabalho, da cooperação entre os parceiros, de terem habilidades para fazer uma analise critica dos problemas sociais e procurar soluções para tais situações.
Ainda assim, mesmo diante desta proposta do Estado para as reformas educacionais, os professores se vêem distantes de uma consolidação efetiva deste projeto construtivista da educação, uma vez que a realidade educacional, envolvida numa vivencia determinada pelo consumismo, competição e individualismo dos alunos inseridos num sistema capitalista e desigual, se encontra distante de tal projeto de educação inclusiva, solidaria, participativa e multicultural.
Aos alunos, a perspectiva do conhecer e descobrir como forma de crescimento de sua identidade pessoal como cidadão, permanece longe de suas reais expectativas, uma vez que sua motivação maior está no TER e não no SER.
Numa visão geral do conjunto escolar, a maioria dos alunos mostra-se pouco dispostos a uma colaboração efetiva para a construção de seu conhecimento, demonstrando-se obrigados e enfadados de prosseguirem tal percurso educativo.
Por isso, mais uma vez reitero a afirmação de que ao professor cabe um papel desafiador, como diria o autor Rubem Alves, de buscar um resgate ao encantamento do ensino, ao ludicismo, ao mundo imaginário das crianças em formação.
Este autor, então, nos remete ao pensar dos filósofos, destacando o pensamento de Hesse, Nietzsche, Da Vinci, entre outros que tratam da complexidade das relações humanas, muitas vezes pautadas na dominação do pensamento dos homens não autônomos. Por outro lado, tais filósofos se propõem à desconstrução dos artifícios de interesses sociais, em nome da liberdade racional, da brincadeira imaginativa, das consciências que motivadas, serão capazes de criar asas e desenvolver o conhecimento e a atitude critica para a construção de uma vida plena de valores e virtudes. 

Tendo feito a leitura analítica do livro A Alegria de Ensinar, e fazendo um paralelo com as novas perspectivas educacionais direcionadas pelo MEC, chegamos à conclusão de que os desafios do professor-historiador permanecem presentes no contexto escolar, uma vez que o professor teve de ampliar suas metodologias, a fim de participar de uma escola inclusiva, democrática, com publico diversificado e competitivo.

            As relações humanas da era tecnológica necessitam de um professor empirista, imaginativo, pesquisador e motivador do conhecimento e de uma interação respeitosa entre os estudantes; sem isso, o papel do professor estará fadado ao cientificismo cristalizado, que não colabora para a formação humana das habilidades e competências dos educandos.
            Temos, portanto, de trabalhar com o encantamento da educação, para assim, vivermos a cada dia uma renovação da aventura do conhecimento.

ALVES, Rubem. A Alegria de Ensinar. 3ª Edição. Ars Poética Editora Ltda., 1994.
SANTOS, Adriana Regina de Jesus; VAGULA, Edilaine; RAMPAZZO, Sandra Regina dos Reis. Didática: Curso de Graduação em Historia – Licenciatura 5. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
KFOURI, Samira Fayez. Políticas Educacionais: estrutura e sistemas - Curso de Graduação em Historia – Licenciatura 5. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
MOIMAZ, Érica Ramos. Metodologias do Ensino de História: Curso de Graduação em Historia – Licenciatura 5. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
SILVA, Rafael Bianchi. Psicologia da Educação: Curso de Graduação em Historia – Licenciatura 5. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.



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