Os objetivos centrais desta análise devem ser: O desenvolvimento da capacidade de explicação, caracterização, conceituação e
síntese histórica do aluno, que possibilite a construção de comentários históricos
e reforcem conhecimentos já aprendidos. (SCHIMIDT e CAINELLI, p. 126)
Objetivos específicos: Desenvolver
a compreensão dos fundamentos ideológicos da Revolução Cubana, despertando nos
alunos a análise crítica de suas motivações e das tensões mundiais ocasionadas
pela hegemonia norte-americana sobre os países da América Latina.
Metodologia de análise do
documento.
Número
de aulas: 3
Série
indicada: 3º ano do ensino médio
(1ª
aula) O professor deverá primeiramente fazer a introdução do conteúdo histórico
da Revolução Cubana, com explanações a respeito das situações sociais da
ditadura de Fulgêncio Batista e do imperialismo norte-americano em Cuba, que
propiciaram o descontentamento da população cubana e a reunião de grupos
oposicionistas, dos quais o que fora liderado por Fidel Castro e Che Guevara
partiu para a luta armada, visando a tomada do governo cubano, que acontecera
em janeiro de 1959.
Após o processo introdutório do conteúdo, o professor
deverá levantar questões sobre a liderança deste movimento, buscando levantar
idéias sobre o que os alunos sabem de seus lideres, Fidel Castro e Che Guevara;
deverá então confrontar as idéias respondidas e solucionar problemas acerca dos
mitos que envolvem estas figuras.
(2ª
aula) Em seguida, apresentar o vídeo e as questões pertinentes à análise.
Dividir a classe em grupos para que formulem as respostas.
(3ª
aula) Pedir aos alunos que preparem um texto dissertativo sobre a análise
desenvolvida, explicar também como devem proceder na introdução, desenvolvimento
e conclusão.
A avaliação deste projeto de aula será feita a partir
da entrega dos textos, conforme as questões debatidas e argumentadas segundo o
objetivo inicial.
Introdução
Apresentação
do documento: Natureza da fonte, datação, autoria, origem do documento, questões
problemáticas e metodologia de análise.
Desenvolvimento
Explicação
crítica do documento, com o retorno a análise documental na qual o aluno pode
dar apoio a suas argumentações. Responder às questões propostas.
Conclusão
Explicitar
a importância e o interesse no documento, discutir idéias nele contidas e abrir
questões ou temas a elas relacionados. (SCHIMIDT e CAINELLI, p. 124)
Análise da Fonte
Natureza:
Fonte oral em filmagem
Datação:
junho/1962
Autor:
Ernesto Guevara
Origem
do documento: Discurso produzido pelo membro dirigente do governo socialista de
Cuba pós-revolução, destinado a demonstrar o resultado e as propostas de
governo para consolidar a revolução.
Questões
problemáticas: Revolução Cubana, bloqueio econômico dos EUA, expulsão de Cuba
como membro da OEA, aproximação de Cuba da URSS, projeto de extensão
revolucionaria para América Latina.
Questões
1.
Quem é o autor do discurso?
2.
Como o autor se insere no
contexto?
3.
Qual a situação histórica que
discute?
4.
A quem se dirige no discurso?
5.
Quais são seus objetivos?
6.
Quais os fatos relatados?
7.
Quais as críticas sociais
levantadas?
8.
Qual a ideologia presente no
discurso?
9.
Como o documento apresenta a
realidade? Por quê?
10.
Quais conhecimentos permitem
compreender melhor o sentido do documento?
Texto de análise: Discurso de Che
Guevara, Havana, 1962
Este
trabalho direciona-se a análise documental do discurso de Ernesto Guevara
(1928-1967) em Havana – Cuba, em julho de 1962. Trata-se de um documento de
fonte oral, apresentado em forma de filmagem, disponível em http://www.youtube.com/watch?v=shh5S1RLG6Y.
O
documento aborda questões problemáticas a respeito da organização governamental
da política socialista em Cuba após a Revolução consolidada em 1959, sob a
liderança de Fidel Castro e Che Guevara. Reflete também questões críticas à
hegemonia capitalista norte-americana e dificuldades referentes ao
estabelecimento do comunismo em Cuba com relação ao cumprimento de metas
produtivas e à manutenção da economia do país que havia sido isolado na América
depois do bloqueio econômico imposto pelos EUA.
Como
método de análise, vimos a apresentação em vídeo do discurso de Che Guevara e
através de pesquisas bibliográficas foram respondidas questões propostas para
esta análise a fim da produção deste texto como resultado do trabalho
desenvolvido.
O
discurso analisado como documento histórico foi pronunciado por Ernesto
Guevara, em Havana, Cuba, 1962. Sobre o autor, Che Guevara, como era chamado
por seus companheiros de guerrilha, integrou-se ao grupo de exilados de Cuba,
no México, em 1958, tendo como líder o advogado Fidel Castro, que organizava um
levante com armas para depor o ditador Fulgêncio Batista e tomar o governo de
Cuba.
A
situação histórica em que este documento foi produzido remete ao período
anterior à Revolução Cubana, e que tinha como governante o ditador Fulgêncio
Batista, que através de relações arbitrárias com empresários norte-americanos e
uma corrupção ativa em seu governo, não direcionava seu governo ao bem comum da
população e sim aos interesses próprios da elite governamental do país,
causando a formação de grupos opositores em prol de uma revolução para a tomada
do governo cubano em nome do povo; o que realmente aconteceria em janeiro de
1959, quando o grupo de guerrilheiros liderados por Fidel Castro e Che Guevara,
partiu dos campos de Sierra Maestra, ocupando territórios e agregando novos
participantes da guerrilha, até alcançar Havana para a tomada do governo.
Assim, desde a Revolução, de 1959, Cuba sofria embargos constantes na economia
por parte dos EUA e seus aliados capitalistas, levando o país a contar cada vez
mais com o apoio militar e comercial da URSS, quando em 1961, Fidel Castro
declara que a Revolução Cubana era socialista. Como resultado disto, em 1962,
Cuba é excluída da OEA, consolidando-se então o bloqueio econômico destes
países a Cuba e determinando seu isolamento geopolítico na America Latina. Cuba
desde então passa a conviver com graves problemas de recessão na economia e nas
liberdades políticas, pois era instalada a ditadura comunista agregada ao
projeto de expansão revolucionária de Che Guevara aos demais países da America
Latina.
O
documento aqui analisado é um discurso dirigido à população cubana com o
objetivo de atingir emocionalmente seus concidadãos para que se mantivessem
unidos em apoio à Revolução, destacando fatos que comprovassem que através do
empenho de todos para o cumprimento das metas revolucionarias, o país
alcançaria êxito, mesmo diante do bloqueio “Imperialista” norte-americano.
Exaltava a Revolução de Cuba como exemplo de atitude para o bem comum de seus
cidadãos e extensivo aos demais países da America.
Dentre
os fatos relatados no discurso, Che procura prestar contas do governo cubano
destacando o cumprimento das metas produtivas em Cuba, por ocasião de julho de
1962. Critica a posição ofensiva da hegemonia norte-americana que promoveu a
exclusão de Cuba dos membros da OEA (Organização dos Estados Americanos) e a
imposição do bloqueio econômico de seus países membros frente às relações
comerciais com Cuba. Defende a luta para manter a revolução ativa entre os
jovens de Cuba, que deveriam seguir o lema da campanha revolucionária: “ESTUDO,
TRABALHO, E FUZIL”.
As
críticas implícitas ao discurso de Che Guevara são basicamente referentes ao
Imperialismo Norte-Americano, que através de pressões econômicas e ideológicas
entre os demais países da America, conseguiu manter uma hegemonia desleal sobre
os membros da OEA, o que levou Cuba a aproximar-se necessariamente dos países
socialistas do oriente para não sucumbir ao domínio da dependência dos
norte-americanos.
Neste
discurso, Che Guevara desenvolve dois parâmetros ideológicos. O primeiro reflete
a postura marxista em oposição ao imperialismo capitalista e em defesa dos
ideais comunistas para a nação cubana, como o fim da propriedade privada, o
controle estatal da economia e o estímulo ao cumprimento das metas de trabalho
comunitário e partilhado entre cotas para a população cubana. O segundo
parâmetro aponta para o incentivo à guerrilha, como forma de manter, através
das armas, o controle revolucionário, expulsando e aniquilando seus opositores
e visando estender a revolução socialista aos demais países da América Latina.
O
documento apresenta a realidade de um acontecimento histórico com a liderança
carismática de um homem que lutou pela Revolução e fez parte da organização do
governo socialista cubano. A situação retratada no discurso realmente
aconteceu, mas o ideal de estender a guerrilha aos demais países da América
Latina não se efetivou.
Para
compreender o documento é necessário conhecer a biografia de Che Guevara, a
história da ditadura de Fulgêncio Batista, a organização da guerrilha em Sierra
Maestra, a estrutura do governo comunista de Fidel Castro, a pressão da
hegemonia norte-americana sobre os demais países da América e as ideologias
conflituosas do socialismo e do capitalismo durante a Guerra Fria.
O
documento aqui analisado revela sua importância na aproximação do conteúdo em
questão, ao refletirmos sobre os objetivos, críticas e ideologias, nele
inseridos, são desvendados contextos de vivencias sociais e estratégias
políticas do período.
Falamos
de um período de tensões sociais que são reflexos da Guerra Fria: momento
histórico de divergências ideológicas entre o capitalismo e o socialismo, uma
guerra que envolvia pressões econômicas e políticas entre os países membros de
ambas as partes.
Dentro
deste contexto, Cuba se apresenta como única nação a romper com a hegemonia
capitalista dos EUA na América, assumindo a postura socialista de governo,
tendo como consequência seu isolamento político e econômico entre as nações
ocidentais, mas persistindo em sua luta revolucionária e ditatorial dentro do
modelo comunista de organização estatal, que desencadeou uma vivência de duras
pressões políticas e recessões econômicas que fizeram do país uma região de
centralismo estatal, repressão ideológica e racionamento alimentar responsáveis
pela criação de um mito do “terror comunista” nos países capitalistas, que
sobreviveu assim durante todo o período da Guerra Fria.
Pelo
discurso de Che Guevara, apresentado nesta aula, verificamos a outra face deste
contexto social, que retrata o lado socialista do governo cubano, em luta pela
manutenção da revolução dentro dos propósitos de igualdade social e trabalho
comunitário e partilhado, a educação como princípio do crescimento econômico e
social, independente da dominação estrangeira, além de promover a defesa destes
ideais através do armamento militar.
Este
trabalho suscita ainda novos questionamentos a respeito dos caminhos tomados
por Fidel após a saída de Che das áreas de comando do governo cubano, quando
este parte em luta guerrilheira pela América Latina, do resultado de carência
social disseminado entre a população cubana durante longos períodos e da
situação atual em que se encontra Cuba no século da globalização. Por isso,
podemos dizer que este trabalho não se encerra aqui, mas subentende que a história
das revoluções e das lutas sociais permanece como amálgama da história da
humanidade.
REFERÊNCIAS
SILVA, Fábio Luiz da. História Contemporânea II. São Paulo:
Pearson. Prentice Hall, 2010.
SHIMIDT, Maria Auxiliadora e
CAINELLI, Marlene. Ensinar História. As
fontes históricas e o ensino da Historia. Cap. 7. Editora Scipione, São Paulo,
2010.
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