Fazendo História

Primeira Estação:

Convido a todos fazer parte deste passeio pela Vida, já que para fazer história é preciso ter passado pela vida e deixado sua marca. Assim, desde filósofos, políticos e mártires até escravos, indígenas e o tocador de tuba no coreto fazem parte desta viagem que quer retratar a cultura costurada durante o tempo dos Homens.
Aproveitem da viagem!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Patrimônio Cultural de Mogi das Cruzes


A Fotografia como suporte ao ensino de Historia
Tendo como enfoque deste trabalho o uso de imagens, neste caso a fotografia, como fonte representativa do Patrimonio Cultural de uma localidade, fizemos aqui a escolha de uma foto de singular particularidade da cidade de Mogi das Cruzes, São Paulo. Deste ponto buscaremos levantar questões a partir da análise desta fonte historica, para que enfim ela seja descontruida tornando-se objeto da compreensão de uma realidade historica distante, mas que comparativamente com a vivência atual, nos remete a pensar na formação desta comunidade, o exercício de suas forças sociais, as condições de sua população e as transformações que se apresentaram desde então.
Descrição da Imagem
Foto: A Biquinha
De Augustinas Gogelis, 1953, fotógrafo lituano, que foi convidado em 1927 a juntar-se a um grupo de universitários europeus com o objetivo de estudar o modo de vida dos brasileiros, decidindo estabelecer-se neste país após esta visita.
A foto registra o trabalho de lavadeiras que se reuniam em volta de um grande tanque construído pela prefeitura de Mogi das Cruzes, sobre uma fonte d’água que formava um lago, o qual costumava a desbarrancar em suas margens. Em volta da Biquinha aparecem varias construções de pequeno porte e desgastadas, o que simboliza as condições de carência deste bairro.
As personagens que fazem parte deste enfoque são lavadeiras humildes junto a uma garota que participa do trabalho e alguns meninos brincando de bola.
Como retrato de uma história particular este é um registro do passado de trabalhadoras humildes, entre suas moradias precárias e a forma de criação e diversão de suas crianças, feita com muito trabalho, sem modismos e tecnologias e a forma de sustento dessas famílias sem formação profissional, especialmente das mulheres.
Antigamente este era um bairro da região central, no qual viviam trabalhadores de baixa renda, hoje esta área faz parte de uma região central da cidade onde existe um intenso comércio e estabelecimentos para a prestação de serviços. A “Biquinha” ficava em frente ao local onde se encontra atualmente o Hospital Mogi D’or.
Quanto ao registro de permanências das estruturas sociais refletidas no dias de hoje, temos ainda o trabalho das lavadeiras e domésticas na sociedade atual como forma de trabalho autônomo e alternativo para as mulheres carentes e sem profissionalização, que permanece como continuo recurso utilizado pelas famílias mais abastadas de Mogi das Cruzes.
A imagem demonstra como se constituíam certa forma de trabalho de uma classe baixa que procurava manter seu sustento com a venda de sua força de trabalho, uma vez que não tinham muitas alternativas para geração de valores para sua subsistência.
É de suma importância esta imagem fotografada como Patrimônio Cultural da cidade de Mogi das Cruzes, uma vez que esta região já foi transformada com a urbanização e com este registro fotográfico podemos resgatar parte da história local.
O Córrego dos Bambus, que tinha sua nascente na “Biquinha”, foi canalizado tendo seu tanque destruído, não sendo, portanto conservado como Patrimônio Histórico; ao seu redor surgiram construções comerciais que acabaram por descaracterizar o local onde se reuniam as antigas lavadeiras e suas crianças.
Patrimônio Cultural de Mogi das Cruzes
Partindo da teoria metodológica de Patrimônio Cultural explicitada pela historiadora Yolanda Gamarra, ela descreve a cultura como:
“conjunto de características distintas, espirituais e materiais, intelectuais e afetivas, que caracterizam uma sociedade ou um grupo social (....) engloba, além das artes e letras, os modos de viver, os direitos fundamentais dos seres humanos, os sistemas de valor, as tradições e as crenças”. (Gamarra, 1998: 71; tradução livre)
Deste conceito, a foto da “Biquinha” foi escolhida como fonte histórica do Patrimônio Cultural de Mogi das Cruzes, principalmente porque faz parte de uma historia social desta comunidade, hoje desconhecida das gerações contemporâneas e somente lembrada pelos antigos moradores desta localidade.
Esta é uma fonte que retrata as condições de trabalho das mulheres de baixa renda, de origem humilde, que viviam em casebres de pouca estrutura urbanística e arquitetônica, nos arredores do centro da cidade. Estas mulheres eram prestadoras de serviços domésticos e autônomos para famílias de classe média e da elite da cidade. Como era uma época onde a tecnologia de eletrodomésticos não era desenvolvida, essas mulheres lavadeiras prestavam um serviço essencial a sociedade e se utilizavam de uma fonte límpida de água doce que vinha da nascente de um rio.
Nesta localidade as mulheres carentes além de fazerem um trabalho árduo como lavadeiras, deixavam seus filhos ao redor, envolvidos em brincadeiras diversas e no aprendizado de pequenos ofícios.
A importância deste registro está no resgate de uma identidade cultural da população desta região, levando-se em conta a formação e conseqüentes transformações sociais e urbanísticas do município.
Como a localidade da “Biquinha” não foi preservada, a fotografia escolhida é um claro registro de fonte histórica de Patrimônio Cultural que serve como importante registro a ser apresentado na educação elementar, a fim de levantar conceitos de preservação cultural do patrimônio de sua cidade, além de ressaltar o valor da historia pessoal dos alunos e de suas famílias como parte integrante da historia desta comunidade, que está em plena transformação e por isso também, tais registros pessoais conferem valor para a preservação da historia de todos os homens e de suas sociedades.
Muito além das antigas noções de Patrimônio Histórico, que buscava a preservação de documentos e monumentos com um dado valor erudito na História, a Fotografia de uma circunstancia histórica se desponta como uma valiosa fonte de Patrimônio Cultural, que assim como as fontes de historia oral das comunidades, nos revela uma realidade histórica que pode ser descortinada dentro do âmbito da identidade dos excluídos ou ainda da expressão do povo simples e trabalhador que se apresentam também como sujeitos da História, o que contribuirá para a propria identificação dos estudantes e de sua comunidade como parte formadora desta mesma História.
REFERÊNCIAS
GRINBERG, Isaac. Memória Fotográfica de Mogi das Cruzes. 1ª Edição. Mogi das Cruzes: Ex Libris, 2001.
GAMARRA, Yolanda. La Cooperación Internacional em su Dimensión Cultural y el Progreso Del Derecho Internacional. Madri: MÃE, 1998.

8 comentários:

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  2. Puxa...interessante. Minha mãe nasceu e viveu uns 15 anos nessa cidade e utilizou essa biquinha. Ela comentava comigo que ia buscar água lá.

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  5. O Patrimônio Cultural de Mogi das Cruzes esta cada dia menor devido a expansão urbanas, vários casarões perderam suas características ou foram derrubados uma grande perda para a cultura local.

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    1. minha familia por parte de mae e muito antiga aqui
      queria saber mais sobre os patrimonios historicos daqui de mogi #melhorcidade<3

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  6. Alguém sabe qual é o bairro mais antigo da cidade de Mogi das Cruzes? E em que ano foi formado?

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  7. Alguém sabe qual é o bairro mais antigo da cidade de Mogi das Cruzes? E em que ano foi formado?

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