Fazendo História

Primeira Estação:

Convido a todos fazer parte deste passeio pela Vida, já que para fazer história é preciso ter passado pela vida e deixado sua marca. Assim, desde filósofos, políticos e mártires até escravos, indígenas e o tocador de tuba no coreto fazem parte desta viagem que quer retratar a cultura costurada durante o tempo dos Homens.
Aproveitem da viagem!

sábado, 7 de agosto de 2010

Friedrich Nietzsche





Friedrich Nietzsche (1844 – 1900)

Talvez este seja o pensador mais incomodo e provocativo da filosofia moderna. Sua honestidade denunciava a mesquinhez e a trapaça ocultas em nossos valores mais elevados.

Para ele, filosofar é um ato que se enraíza na vida e um exercício de liberdade. O destino da cultura, o futuro do ser humano na história, sempre foi sua obsessiva preocupação. Por causa dela, submeteu a critica todos os domínios vitais de nossa civilização ocidental: científicos, éticos, religiosos e políticos.

Nietzsche é um dos grandes mestres da suspeita, que denuncia a moralidade e a política moderna como uma transformação vulgar dos valores metafísicos e religiosos, o que conduziu ao amesquinhamento das condições nas quais se desenvolve a vida social.

Por isso ele é critico do nivelamento e da massificação da humanidade, pois isso retrata uma funesta conseqüência da extensão global da sociedade burguesa.

Nietzsche se opõe à supressão das diferenças, à padronização dos valores que sob o pretexto de universalidade, encobre a imposição totalitária de interesses particulares, por isso ele era um opositor da igualdade como uniformidade. Denunciava assim a transformação das pessoas em peças anônimas da engrenagem global de interesses e a manipulação de mentes pelos dispositivos formadores de opinião.

Sendo um ateísta radical, ele atribuiu ao homem a tarefa de se reapropriar de sua essência e definir as metas de seu destino.

A despeito de sua visão sombria, foi também um arauto de novas esperanças. Sua mensagem era a criação de novos valores, a instituição de novas metas para a aventura humana na historia. O estilo de Nietzsche resulta da combinação de elementos antagônicos: sombra e luz, agonia e êxtase, gravidade e leveza.

Era também um opositor ferrenho da dialética socrática e adversário de Platão, definindo-se como intransigente anticristão. Considerava Sócrates um sedutor por ter feito triunfar junto à juventude ateniense o mundo abstrato do pensamento. Dizia que a Tragédia Mitológica Grega começou a declinar quando foi invadida pelo racionalismo, sob a influência decadente de Sócrates.

Para ele, o homem é o criador dos valores, mas esquece sua própria criação e vê neles algo de transcendente, de eterno e verdadeiro, quando os valores não são mais do que algo “humano, demasiado humano”.

Nietzsche defendeu a tese de que o mundo passa indefinidamente pela alternância da criação e destruição, da alegria e do sofrimento, do bem e do mal.

Para ele havia uma nova concepção para a Filosofia: não se tratava mais de procurar o ideal de um conhecimento verdadeiro, mas sim de interpretar e avaliar os conceitos.

Perdendo-se a sabedoria instintiva da Arte Trágica, restou a Sócrates apenas um aspecto da vida do espírito, o aspecto lógico-racional; faltava-lhe a visão mística, possuído que foi pelo instinto de tudo transformar em pensamento abstrato, lógico e racional. Por esta razão Nietzsche combateu a metafísica, pois segundo ele, o homem está destinado à multiplicidade, e a única coisa permitida é sua interpretação.

No combate a teoria das idéias socrático-platônicas é ao mesmo tempo uma luta acirrada contra o cristianismo, que segundo ele concebe o mundo terrestre como um vale de lagrimas, em oposição ao mundo da felicidade eterna do além. Diz que o cristianismo é a forma acabada da perversão dos instintos, repousando em dogmas e crenças que permitem a consciência fraca escapar à vida, à dor e à luta, e impondo a resignação e a renuncia como virtudes. São os escravos e os vencidos da vida que inventaram o além para compensar a miséria, forjaram o mito da salvação da alma porque não podiam participar das alegrias terrestres e da plena satisfação dos instintos da vida.

Nietzsche propôs a si mesmo a tarefa de recuperar a vida e transmutar todos os valores do cristianismo. Assim, dizia que o Bem não é resignação, e sim a vontade do mais forte, do “guerreiro”.

As palavras, segundo Nietzsche, sempre foram inventadas pelas classes superiores e, assim, não indicam um significado, mas impõem uma interpretação.

A moral do além-do-homem, que vive esse constante perigo e fazendo de sua vida uma permanente luta, é a moral oposta à do escravo e à do rebanho; oposta, portanto à moral da compaixão, da piedade, da doçura feminina e cristã. Ele impõe a tais valores de submissão a sua substituição pelo orgulho, pelo risco, pela personalidade criadora, pelo amor ao distante.

Nietzsche desacreditava das doutrinas igualitárias, que lhe pareciam “imorais”, pois impossibilitam que se pense a diferença entre os valores dos “senhores e dos escravos”. Ele recusa o socialismo, mas exorta os operários a reagirem como soldados. Também combateu o nacionalismo e o racismo germânicos. Ele revela o desejo de uma Europa unida para enfrentar o nacionalismo que ameaçava subverter a sua cultura. Por isso, desprezava os alemães como “homens que introduziram no lugar da cultura a loucura da política nacional”.

Nietzsche foi ao mesmo tempo um antidemocrático e um antitotalitário, pois achava que o Estado tem uma origem terrível, sendo uma criação da violência e da conquista. Para ele o Estado está sempre interessado na formação de cidadãos obedientes e têm, portanto tendência a impedir o desenvolvimento da cultura livre, tornando-a estática e estereotipada.

Nietzsche se aproxima da idéia de que onde existe loucura há um grão de genialidade e de sabedoria, assim é possível compreender a presença da loucura em sua obra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe sua Opinião (: